Projecto de Execução

O Projecto de Execução corresponde ao documento elaborado pelo Projectista, a partir do Projecto Base aprovado pelo Dono da Obra, destinado a facultar todos os elementos necessários à definição rigorosa dos trabalhos a executar. Este Projecto revela-se fundamental para garantir a Qualidade da Obra e constitui, juntamente com o caderno de encargos, o processo a apresentar às empresas de construção interessadas na adjudicação da empreitada. Inclui toda a informação para a obra, com indicação de detalhes de execução da obra e é com base nestes elementos que os orçamentos para construção são elaborados. 

O Projecto de Execução desenvolve o Projecto Base aprovado, sendo constituído por um conjunto coordenado das informações escritas e desenhadas de fácil e inequívoca interpretação por parte das entidades intervenientes na execução da obra, obedecendo ao disposto na legislação e regulamentação aplicável. Do Projecto de Execução constam geralmente os seguintes elementos, sem prejuízo dos constantes de regulamentação aplicável:

a) Memória descritiva e justificativa, incluindo a disposição e descrição geral da obra, evidenciando quando aplicável a justificação da implantação da obra e da sua integração nos condicionamentos locais existentes ou planeados; descrição genérica da solução adoptada com vista à satisfação das disposições legais e regulamentares em vigor; indicação das características dos materiais, dos elementos da construção, dos sistemas, equipamentos e redes associadas às Instalações Técnicas;

b) Cálculos relativos às diferentes partes da obra apresentados de modo a definirem, pelo menos, os elementos referidos na regulamentação aplicável a cada tipo de obra e a justificarem as soluções adoptadas;

c) Medições e mapas de quantidade de trabalhos, dando a indicação da natureza e da quantidade dos trabalhos necessários para a execução da obra;

d) Orçamento baseado nas quantidades e qualidades de trabalho constantes das medições;

e) Peças desenhadas de acordo com o estabelecido para cada tipo de obra na regulamentação aplicável, devendo conter as indicações numéricas indispensáveis e a representação de todos os pormenores necessários à perfeita compreensão, implantação e execução da obra;

f) Condições técnicas, gerais e especiais, do caderno de encargos.


A abordagem proposta pelo Sistema LiderA acompanha o desenvolvimento dos projectos (incluindo especialidades) analisando o seu contributo para o nível de sustentabilidade pretendido, abrangendo sugestões para os projectos, análise das soluções e recomendações, nalguns casos através de documentação e noutros incluindo reuniões de aferição e desenvolvimento.

A estratégia de desenvolvimento assenta em avaliar as propostas de arquitectura inicial (Projecto Base) e posteriormente indo acompanhando e avaliando o perspectivado para os diferentes projectos das especialidades, cujas considerações serão englobadas no fecho do projecto arquitectónico, ou seja no Projecto de Execução. Assim, considera-se a análise e os contributos para os seguintes projectos:

1) Projecto de Arquitectura (Projecto Base)

2) Projecto de Estabilidade, de Escavação e Contenção periférica

3a) Projecto do Comportamento Térmico, Energético e de Climatização dos Edifícios - RCCTE, RSECE, SCE

3b) Projecto de Alimentação e Distribuição de Energia Eléctrica;

4a) Projecto de Instalações Electromecânicas, de Transporte de Pessoas e de Mercadorias;

4b) Projecto de Instalações de Gás;

4c) Projecto de Instalações Telefónicas e de Telecomunicações

5) Projecto Acústico

6a) Projecto de Redes Prediais de Águas e Esgotos

6b) Projecto de Águas Pluviais

7) Projecto de Segurança contra Incêndios

8) Projecto de Arranjos Exteriores;

9a) Plano de Acessibilidades (se existir ou então no Projecto Arquitectura)

9b) Outros PPGCD, …

10) Projecto de Arquitectura (Projecto de Execução).


Uma vez que esta fase de desenvolvimento do projecto pode abranger a interacção com os Projectos de Especialidade, indica-se sumariamente no quadro seguinte os aspectos a analisar em cada um dos Projectos de Especialidade.


Quadro 1 - Aspectos principais a considerar na sustentabilidade, segundo o LiderA

Exemplo de actividades

Projecto e Especialidade:

Aspectos principais a considerar na assessoria LiderA

1

Projecto de Arquitectura (Projecto Base)

Solo, Paisagem, Energia, Materiais, Acessos, Diversidade, Soluções Inclusivas, Controlo e Custos

2

Projecto de Estabilidade, de Escavação e Contenção periférica

Solo, Materiais, Flexibilidade, Riscos

3a

Projecto do Comportamento Térmico, Energético e de Climatização dos Edifícios - RCCTE, RSECE, SCE

Energia, Conforto, Controlo

3b

Projecto de Alimentação e Distribuição de Energia Eléctrica

Energia, Iluminação, Soluções Inclusivas

4a

Projecto de Instalações Electromecânicas, de Transporte de Pessoas e de Mercadorias

Energia, Soluções Inclusivas

4b

Projecto de Instalações de Gás

Energia, Conforto, Controlo, Riscos

4c

Projecto de Instalações Telefónicas e de Telecomunicações

Controlo, Participação

5

Projecto Acústico

Ruído

6a

Projecto de Redes Prediais de Águas e Esgotos

Água e Efluentes

6b

Projecto de Águas Pluviais

Água

7

Projecto de Segurança contra Incêndios

Riscos

8

Projecto de Arranjos Exteriores

Ecossistemas Naturais,

9a

Plano de Acessibilidades (se existir ou então no Projecto Arquitectura)

Mobilidade

9b

Outros PPGCD, …

Resíduos

10

Projecto de Arquitectura (Projecto de Execução)

Integração e Desempenho global



Após o Licenciamento o Projecto de Execução especifica e detalha os aspectos construtivos das soluções, bem como define orientações para a forma de construção e boas práticas de procura de sustentabilidade. Neste sentido, apresenta-se em baixo a relação entre os diversos Projectos de Especialidade e os critérios LiderA.


Quadro 2 - Relação entre os Projectos de Especialidade e os critérios LiderA

ÁREA

NºC

CRITÉRIO

Exemplo de Actividades

Legenda: a - importante; b - complementar

1

2

3a

3b

4a

4b

4c

5

6a

6b

7

8

9a

9b

10

SOLO

C1

Valorização territorial

a















C2

Optimização ambiental da implantação

a

a

 

 

 

 

 

 

a

b

 

a

 

 

a

ECOSSISTEMAS NATURAIS

C3

Valorização ecológica

 

 

 

 

 

 

 

 

 

b

 

a

 

 

a

C4

Interligação de habitats

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

a

 

 

a

PAISAGEM E PATRIMÓNIO

C5

Integração paisagística

a

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

a

 

 

a

C6

Protecção e valorização do património

 

b

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

a

ENERGIA

C7

Eficiência nos consumos - Certificação energética

 

 

a

a

a

a

 

 

 

 

 

 

 

 

b

C8

Desenho passivo

a

 

b

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

a

C9

Intensidade em carbono

 

 

a

a

a

a

 

 

a

a

 

 

 

 

a

ÁGUA

C10

Consumo de água potável

 

 

 

 

 

 

 

 

 

a

 

 

 

 

b

C11

Gestão das águas locais

 

 

 

 

 

 

 

 

a

 

 

 

 

 

b

MATERIAIS

C12

Durabilidade

a

a

 

a

a

a

 

 

 

 

 

 

 

 

a

C13

Materiais locais

 

a

 

b

b

b

 

 

 

 

 

 

 

 

a

C14

Materiais de baixo impacte

 

b

 

b

b

b

 

 

 

 

 

 

 

 

a

PRODUÇÃO ALIMENTAR

C15

Produção local de alimentos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

a

 

 

b

EFLUENTES

C16

Tratamento das águas residuais

 

 

 

 

 

 

 

 

a

a

 

 

 

 

b

C17

Caudal de reutilização de águas usadas

 

 

 

 

 

 

 

 

a

a

 

 

 

 

b

EMISSÕES ATMOSFÉRICAS

C18

Caudal de emissões atmosféricas

 

 

b

a

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

b

RESÍDUOS

C19

Produção de resíduos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

a

a

C20

Gestão de resíduos perigosos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

a

a

C21

Valorização de resíduos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

a

a

RUÍDO EXTERIOR

C22

Fontes de ruído para o exterior

 

 

 

 

a

 

 

a

 

 

 

 

 

 

b

POLUIÇÃO ILUMINO-TÉRMICA

C23

Poluição ilumino-térmica

b











a



b

QUALIDADE DO AR

C24

Níveis de qualidade do ar

 

 

a

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

a

CONFORTO TÉRMICO

C25

Conforto térmico

b

 

a

a

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

a

ILUMINAÇÃO E ACÚSTICA

C26

Níveis de iluminação

b

 

a

a

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

a

C27

Conforto sonoro

 

 

 

b

 

 

 

a

 

 

 

 

 

 

a

ACESSO PARA TODOS

C28

Acesso aos transportes Públicos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

a

b

C29

Mobilidade de baixo impacte

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

a

b

C30

Soluções inclusivas

a

 

 

a

a

a

a

 

 

 

a

a

 

 

a

DIVERSIDADE ECONÓMICA

C31

Flexibilidade - Adaptabilidade aos usos

a

a

 

a

a

a

a

 

 

 

 

a

 

 

a

C32

Dinâmica económica

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

b

C33

Trabalho local

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

b

AMENIDADES E INTERACÇÃO SOCIAL

C34

Amenidades locais

 

 

 

 

 

 

 

 

 

b

 

a

 

 

b

C35

Interacção com a comunidade

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

a

PARTICIPAÇÃO E CONTROLO

C36

Capacidade de controlo

 

 

a

a

a

a

a

a

a

a

a

a

 

 

a

C37

Condições de participação e governância

 

 

 

 

 

 

a

 

 

 

a

 

 

 

b

C38

Controlo dos riscos naturais -  (Safety)

a

a

 

 

 

 

 

 

a

a

 

a

 

 

a

C39

Controlo das ameaças humanas - (Security)

 

 

 

a

a

a

a

 

 

 

a

 

 

 

a

CUSTOS NO CICLO DE VIDA

C40

Custos no ciclo de vida

a

a

a

a

a

a

a

a

a

a

a

a

a

a

a

GESTÃO AMBIENTAL

C41

Condições de utilização ambiental

b

 

 

a

a

a

 

a

b

 

b

a

 

 

a

C42

Sistema de gestão ambiental

 

 

 

 

a

 

 

 

 

 

b

 

 

a

a

INOVAÇÃO

C43

Inovações

b

b

b

b

b

b

b

 

b

b

b

b

b

 

b


Por outro lado, para além dos casos já efectuados (reconhecimentos e certificações), a aplicação a modelos tipo, nomeadamente modelos de uma moradia urbana, de um edifício de habitação colectiva, o Edifício HEXA, e de um quarteirão urbano, o Quarteirão OCTO, permitiu lançar as bases, na fase de Projecto de Base (Projecto de Licenciamento), para a aplicação na fase de Projecto de Execução. Estes modelos foram desenvolvidos como exemplos de aplicação do sistema LiderA e pretendem demonstrar e ilustrar o processo de procura e implementação da sustentabilidade.

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