Parque Oriente

Certificação em 2007

Classificação: A (desempenho ambiental 50 % superior à prática actual)


Localização: Santa Maria dos Olivais, Lisboa

Promotor: Em definição

Projectistas: TironeNunes Arqª Lda

Especialidades: VHM (Projecto das redes: águas e esgotos, instalações eléctricas, elevadores, telecomunicações, gás, segurança e trânsito), A400 – Projectistas e Consultores de Eng. Civil, Lda. (projecto de estabilidade), AFA Associados (Projecto de RCCTE e Sistemas AVAC), Proap (projecto de arranjos exteriores), ENVAC (recolha de resíduos), Prof. Eduardo Maldonado (Consultor de Ambiente), Edifícios Saudáveis (Consultadoria Ambiental), Eng de Acústica e Ambiente, Lda. (acústica), EBO Consult (utilização racional e reciclagem de água)

Tipo de uso: Misto (habitacional – 68%; comércio - 12%; escritórios - 20%)

Inserção: Zona industrializada

Área de intervenção: 20 721 m²

Área de implantação: 9 536 m²

Área bruta de construção: 41 441 m² (área habitacional: 27912 m²)

Nº habitantes: 720 (previstos)

Tempo de vida: 100 anos


                   Figura 1 - Simulação do Empreendimento Parque Oriente


O Parque Oriente é um projecto de usos múltiplos elaborado pelo atelier TironeNunes SA. Neste complexo será possível usufruir de espaços de lazer exteriores, habitação, escritórios, áreas comerciais e áreas culturais, pelo que constitui um edifício misto. O empreendimento localiza-se no lote da antiga Fábrica Barros, na intersecção da Av. Infante D. Henrique com a Av. de Pádua, em Cabo Ruivo, na zona Oriental de Lisboa, na freguesia dos Olivais. A envolvente é tipicamente de carácter industrial. O complexo insere-se na área delimitada pelo Plano de Urbanização da Zona Ribeirinha Oriental de Lisboa (PUZROL), a cerca de 300 m do Parque das Nações e a 500 m da Gare do Oriente.

Este projecto tem por base a necessidade de renovar a zona ribeirinha oriental de Lisboa, articulando estes espaços com os da EXPO 98, reabilitar as áreas industriais adjacentes em áreas urbanas de elevada qualidade e recuperar a área degradada da antiga Fábrica Barros, resultando no local um quarteirão sustentável (utilização das melhores tecnologias disponíveis com o intuito de melhorar o conforto interior, reduzir os impactes ambientais, minimizar o consumo de recursos e reduzir os custos económicos de operação) composto por espaços de utilização múltipla que se desenvolvem a partir de uma ampla Praça central, a Praça Oriente, que possui espelhos de água, áreas ajardinadas e esplanadas.

O empreendimento é constituído por 13 edifícios e possuirá além das áreas já apresentadas uma área impermeabilizada na ordem dos 18 930 m² e uma área de espaços verdes públicos de 1653 m². Adicionalmente foram previstas áreas de utilização colectiva e áreas para outros usos, abrangendo, cada uma respectivamente, 4868 m² e 3340 m².

O projecto do Parque Oriente aposta na reabilitação de uma antiga zona industrial abandonada. Este projecto definiu a adopção de princípios bioclimáticos, com vista à redução dos consumos energéticos e à promoção do conforto térmico. O projecto aposta na adopção de soluções de elevado desempenho ambiental, nomeadamente na redução dos consumos de água potável e no tratamento de águas usadas, através de uma ETAR.

Lote 1 (Edifício C) - Edifício residencial (laranja);

Lote 2 (Edifício B) - Edifício residencial (laranja);

Lote 3 (Edifício A) - Edifício residencial (laranja);

Lote 4 (Edifício Comercial) - Com uma Living Machine na cobertura (cinza);

Lote 5 (Edifício Pádua) - Edifício residencial (laranja) e de escritórios (azul);

Lote 6 (Edifício K) - Edifício de escritórios (azul);

Lote 7 (Edifício J) - Edifício de escritórios (azul);

Lote 8 (Edifício Micro Habitação) - Edifício residencial (laranja);

Lote 9 (Biblioteca e Centro CS) - Com um jardim na cobertura (cinza);

Lote 10 (Edifício G) - Edifício residencial (laranja);

Lote 11 (Edifício D) - Edifício residencial (laranja);

Lote 12 (Edifício E) - Edifício residencial (laranja);

Lote 13 (Edifício F) - Edifício residencial (laranja).

Figura  2 – Localização no terreno dos lotes e tipos de uso



Avaliação pelo LiderA

A avaliação do empreendimento Parque Oriente pelo Sistema LiderA, versão piloto V1.02 foi desenvolvida no período compreendido entre os meses de Fevereiro e Dezembro de 2006, tendo sido realizada pela equipa de avaliação do LiderA: Filipa Fonte, Prof. Manuel Duarte Pinheiro e Liliana Soares. A avaliação foi efectuada considerando a totalidade dos espaços exteriores e dos edifícios residenciais inseridos no empreendimento Parque Oriente, envolvendo os 20 721 m² da área de intervenção, cerca de 8 edifícios e a parte residencial de um nono edifício (Edifício Pádua). É consequentemente uma avaliação exclusiva do sector residencial do empreendimento e foi efectuada para a sua fase de projecto.




Local e Integração

Solo

O Parque Oriente ir-se-á localizar nos terrenos da antiga Fábrica Barros o que significa na área da selecção do local (C1) o reaproveitamento total de uma área previamente degradada, onde inclusive se mantém as únicas áreas permeáveis previamente existentes. No que respeita a possíveis condicionantes, nomeadamente o canal do Alviela e o canal de segurança devido à proximidade do aeroporto, ambas são respeitadas já que na primeira respeita-se a distância mínima exigível de 10 m e na segunda o empreendimento está abaixo da altura máxima autorizada para edifícios no interior do perímetro de segurança.



Paisagem

Por sua vez na área de integração do local (C6) verifica-se que o empreendimento se localiza numa área predominantemente industrial e com armazéns, pelo que a existência de um edifício misto, de 8 pisos acima do solo, não é dos elementos mais consoantes, no entanto permite criar uma continuidade volumétrica e uma articulação da malha urbana existente no bairro dos Olivais Sul e a malha urbana em consolidação no Parque das Nações. Adicionalmente está prevista a reconstrução de parte da fachada existente ao longo da Av. de Pádua, manter-se-á o alinhamento dos edifícios e uma cércea de 25~m (cércea esta que também é proposta no projecto recentemente realizado a Norte da área de intervenção do presente Plano).



Amenidades

É um empreendimento que está projectado como um elemento potenciador da dinâmica local, nomeadamente na valorização das amenidades locais (C7), já que se prevê a implementação, no local de áreas comerciais (um supermercado, quiosques e/ou cafés, um edifício comercial (no lote 4) e áreas comerciais no piso térreo, em quase todo o perímetro, de uma clínica para idosos e de áreas de lazer (um jardim e uma praça). Nas suas imediações a população terá um acesso fácil a um centro comercial, a correios (ambos a menos de 1000 m) e ao Parque das Nações e ao Rio Tejo (a menos de 500 m).



Mobilidade

Adicionalmente ainda se verifica um bom desempenho na área da mobilidade, sendo que está previsto na mobilidade de baixo impacte (C8) um sistema de circulações pedonais, um clube de partilha de automóveis (com lugares de estacionamento especificamente destinados) e lugares cobertos para arrumação de bicicletas. Por sua vez o acesso a transportes públicos (C9) é muito bom já que existe uma estação de metro (a menos de 50 m), um nó de transportes públicos (a Gare do Oriente a menos de 500 m), 5 linhas dos autocarros da Carris (até à distância de 500 m) e o aeroporto a cerca de 2 km.



Recursos



Energia

O Parque Oriente possui como um dos seus elementos mais emblemáticos o elevado esforço na área de desempenho do desenho passivo (C10), entre as principais medidas regista-se: os cuidados na orientação dos edifícios, no dimensionamento e qualidade dos vãos envidraçados, a orientação adequada dos espaços interiores, o sistemas de isolamento térmico com total eliminação das pontes térmicas, a optimização da inércia térmica, a colocação de paredes trombe e a definição de uma altura útil de pé direito nas fracções habitacionais de 2,7 m, entre outros, o que em última instância se traduz num bom nível de conforto interior para os ocupantes e na redução em 50% das necessidades energéticas em cada fracção, face ao actual RSECE/RCCTE, devido ao recurso a este tipo de medidas.



Água

A implementação de inúmeras medidas na área de redução do consumo de água potável nos espaços interiores (C16) acabou por reflectir futuros consumos mais baixos que os típicos, nomeadamente o consumo de água primária (proveniente da rede municipal de abastecimento) deverá cingir-se aos 80 l/hab.dia. Entre as principais medidas que permitiram a redução mencionada encontra-se a colocação de redutores de caudal nas torneiras, a reciclagem e reaproveitamento de águas cinzentas e de águas pluviais, aplicação tecnologias de irrigação que, pela eficiência, conduzem a consumos bastante inferiores aos que normalmente são praticados em sistemas tradicionais de aspersão (i.e. cerca de metade do consumo), entre outras. Adicionalmente, implementaram-se medidas com vista à gestão das águas locais (C20), permitindo retardar o escoamento de águas para os sistemas urbanos de água pluvial e minimizar o escoamento de águas pluviais contaminadas para os meios hídricos adjacentes, entre as quais: controlo do escoamento de águas pluviais através da retenção no local e algum tratamento (na Living Machine); a existência de um logradouro colectivo ajardinado, assim como as coberturas dos edifícios de habitação que funcionam como logradouros dos Penthouse, manutenção do espaço arborizado existente, que contribui para a absorção das águas da chuva pela sua superfície permeável e consequentemente com a capacidade de acumular água da chuva.



Materiais

Por último, na tentativa de reduzir o consumo de recursos, promoveu-se a baixa intensidade no consumo de materiais (C21) através da redução da quantidade de matéria-prima não renovável utilizada, da minimização de áreas inúteis nas habitações (halls, corredores, etc.) e o dimensionamento de pisos superiores em duplex, cujas paredes foram projectadas com largas varandas interiores para as salas em baixo, o que significa menos estruturas interiores, o que implica menos materiais face ao tradicional.



Cargas Ambientais


Efluentes

Apesar de existir uma boa contribuição para a redução do consumo de água, existe ainda a produção de efluentes os quais têm de ser adequadamente tratados, por conseguinte no Parque Oriente o tratamento de águas residuais (C26), desenvolve-se segundo duas dinâmicas, tratamento parcial no sistema municipal (cerca de 4,5%), o qual é efectuado na ETAR de Beirolas (nível terciário) e tratamento no local pela utilização de um sistema para tratamento de águas residuais cinzentas (cerca de 65,5%, na Living Machine, a qual procede a nível terciário).



Ruído Exterior

Uma vez que o Parque Oriente vai possuir equipamentos que emitem ruídos, houve a necessidade de controlar este impacte sobre os ocupantes e visitantes, assim o nível de ruído para o exterior (C34) dos equipamentos comuns do edifício é inferior ou igual a 30 dB(A) e do grupo gerador de emergência é inferior ou igual a 40 dB(A).



Efeitos Térmicos

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